terça-feira, 1 de maio de 2007

INCLUSÃO E TECNOLOGIAS ASSISTIVAS


Há uma imensa quantidade de dispositivos tecnológicos que podem ser usados para auxiliar um deficiente visual e inseri-lo no processo escolar. Os dispositivos mais usados incluem:

- Computadores: Hoje estão sendo largamente usados, tanto nas escolas como no trabalho.

- Sintetizadores de voz : Um sintetizador de voz permite ao aluno deficiente visual ouvir o que aparece na tela de computador por um altofalante ou um fone de ouvido.

- Linhas Braille: Uma linha Braille é um dispositivo composto por uma fila de células braille eletrônicas, que podem reproduzir dinamicamente o texto enviado por um computador, permitindo a leitura em Braille sem usar papel.

- Impressão aumentada gerada por hardware: Um processador de tela com um monitor de computador grande permite ao aluno de visão subnormal controlar tamanho, contraste e brilho do programa apresentado na tela. O aluno pode dispor a página automaticamente em determinada velocidade ou apagar partes da tela que possam perturbar a leitura.

- Impressoras Braille. São impressoras especiais de computadores pessoais comuns que produzem material em Braille. É possível imprimir em Braille praticamente qualquer arquivo, mesmo contendo figuras (que são transcritas para a forma de desenhos táteis).

- Impressão aumentada gerada por software : Alguns softwares permitem ao usuário produzir impressão ampliada em impressoras comuns (a laser, a jato de tinta e semelhantes).

- Gravação de textos com indexação e sincronismo:Novas tecnologias de gravação permitem que sejam introduzidas marcas no texto gravado, que serve de índice para acesso direto a partes do textos, além de sincronização visando visualização de trechos em letras ampliadas e impressão Braille.

Recursos ópticos
Recursos ópticos são dispositivos prescritos por um especialista (oftalmologista). São compostos de uma ou mais lentes para aumentar ou ajustar a imagem visual.
- Óculos com prescrições especiais
Óculos bifocais, prismas, lentes de contato ou outras combinações de lentes podem ser prescritos para uma criança com limitações visuais, a serem usados à toda hora ou durante atividades específicas.
Lentes ligeiramente tingidas ou escuras podem ser usadas pela criança sensível à luz, em lugares fechados e ao ar livre.
- Lentes de aumento manuais ou lentes de amplificação
São usadas para aumentar o tamanho da imagem e melhoram o funcionamento visual de crianças com quase todos os distúrbios visuais. Esses ampliadores podem ser usados para tarefas como ler, escrever e estudo de arte.
Essas lentes existem também na forma eletrônica (Lupa Eletrônica), na qual é possível exibir a imagem ampliada numa TV.

Telelupas (mini-telescópios)
Seguros na mão ou em armações de óculos são usados por crianças para ver objetos distantes, como quadros negros e demonstrações de sala de aula, ou para identificar ônibus, sinais de rua, e assim por diante. Quando uma criança está usando um telescópio para ler o quadro negro, ela pode achar útil sentar-se na coluna central de carteiras, na distância que lhe for mais adequada.

Recursos não ópticos
Os dispositivos não-ópticos não envolvem lentes, e podem ou não ser especificamente projetados para pessoas deficientes da visão. Entre os recursos mais usados podemos citar réguas com marcações, material dourado Montessoriano, painéis táteis e auto-colantes além de sistemas para reprodução tátil em folhas plásticas (equipamentos denominados Thermoform) e papel microencapsulado (capazes de produzir relevos a partir de desenhos gerados numa impressora comum).
Nos países desenvolvidos, existem muitas empresas que vendem tais recursos prontos para uso. No Brasil, entretanto, é quase impossível conseguir isso, pois há pouquíssimas empresas que se dedicam a este tipo de comércio, e cobram caríssimo, pois o material que vendem é quase todo importado.

Resta então ao professor produzir seu material a partir dos recursos a que tiver acesso, incluindo materiais criativos e reciclados, além de isopor, madeira, rotex, feltro, cortiça etc. Como exemplo de adaptações:
- Canetas tipo pincel atômico para produzir marcas grossas visíveis por pessoas com visão reduzida.
- Acetato – Normalmente preferido em amarelo ao ser colocado sobre a página impressa escurecerá a impressão, assim como também intensificará o contraste da impressão com o papel de fundo.
- Livros com letras ampliadas, gerados a partir de impressão escalada na máquina xerox.
- Papel com pautas em negrito, obtido com xerox ou mimeógrafo.
- Marcadores de página e molduras de papelão (janelas de leitura) – especialmente úteis a crianças que têm dificuldade para focar uma palavra ou localizar uma linha de impressão
- Viseiras de sol e outras proteções
- Instrumentos de medida comuns (réguas, esquadros) ao qual se adiciona rotex braille (fita autocolante com texto).

Adaptação curricular
Todo esse arsenal de recursos, infelizmente, é insuficiente para promover uma ponte entre as necessidades inerentes ao currículo que é usado para as pessoas normais e pessoas com deficiência visual.
Imagine, por exemplo, uma cartilha, em que praticamente todas as páginas contêm imagens e nas quais o formato das letras que estão sendo ensinadas imita o formato da figura.

Como transcrever isso para um código puramente textual, como Braille?
Descrevendo as figuras? Neste caso, a razão maior da existência das figuras perde totalmente o sentido. Já para uma criança com visão reduzida, a ampliação em xerox será suficiente? Talvez sim, talvez não. Pode ser que o desenho ampliado fique tão grande que a criança com visão lateral não consiga ter a noção do seu todo.
É necessário adaptar. A adaptação pode ser muito simples como uma descrição em palavras. Ou um completo redesenho na estratégia usada para passar o conceito.
As adaptações deverão ser efetuadas evidenciando a descrição textual e tátil do aspecto visual do mundo, e de tudo que puder traduzir o mundo na perspectiva de sua aparência exterior.
Quem faz essa adaptação? Pode ser o próprio professor, o material pode já vir adaptado de um centro de transcrição (por exemplo, o Instituto Benjamin Constant tem uma equipe de adaptação de materiais didáticos, que transcreve muitos dos livros didáticos aprovados pelo MEC para uso nas escolas públicas).
É importante frisar: uma adaptação completa não é uma tarefa simples, e será muito demorada quando se desejar que seja bem realizada. Desta forma, é fundamental que numa classe inclusiva, a maior quantidade possível material didático, em especial os livros e apostilas que serão usados pelo aluno deficiente visual, devem ser entregue previamente com todas as adaptações ao professor, pois este não terá tempo hábil para produzi-las.

2 comentários:

Elô disse...

Olá Neuza!!Muito bom seu texto!!

Você viu? Todos esses recursos para que o aluno com deficiência visual tenha um atendimento especializado.
Mas vale a pena. Você viu alunos nossos da sala de Recursos realizaram o vestibular, cursaram cursos na universidade e agora são profissionais de várias área na sociedade.

Durante está semana estarei voltando aqui.Preciso postar mais reflexãoes sobre a Sala de Recursos e o professor especialista.
Um abraço Eloisa

erechim disse...

Oi pessoal, realmente nessa área muitos são os recursos criados, para os portadores de deficiência visual, lembro-me de quando em Erechim iniciou-se o trabalho com deficientes visuais, mal havia sido capacitado o professor e o único extra era a máquina em braille e algumas publicações, hoje temos muito mais recursos embora o custo dele não seja tão acessível ainda para as nossa escola principamente da rede pública.